IMPLANTAÇÃO DE PRÓTESE RAMIFICADA NO FALSO LÚMEN DE DISSEÇÃO CRÓNICA PARA REPARAÇÃO DE ANEURISMA TORACOABDOMINAL
DOI:
https://doi.org/10.48750/acv.351Palavras-chave:
Aneurisma toracoabdominal, Dissecção crónica, Falso lúmenResumo
Introdução: A degenerescência aneurismática em doentes com dissecção crónica tipo B (CTBAD) ocorre em aproximadamente 20 a 40% dos casos. O tratamento endovascular usualmente implica o implante de endoprótese no verdadeiro lúmen com o objetivo de excluir o falso lúmen. Os autores descrevem um caso em que o implante foi programado e executado no falso lúmen, devido às características anatómicas do doente.
Caso clínico: Doente de 65 anos, sexo masculino, com antecedentes pessoais de HTA, dislipidémia e DRC. Foi referenciado ao nosso centro por achado em angioTC que revelou CTBAD, com dilatação aorta toracoabdominal secundária (aneurisma tóraco-abdominal tipo II de Crawford) com diâmetro máximo de 85mm. O tronco celíaco, artéria mesentéria superior e artéria renal direita emergiam do falso lúmen, e a artéria renal esquerda do verdadeiro lúmen. Foi programado o tratamento em 3 tempos distintos. Primeiro, o doente foi submetido a bypass carotido-subclávia. Seguiu-se frozen elephant trunk (FET), sendo que o componente de endoprótese foi intencionalmente implantado no falso lúmen. Seguidamente, procedeu-se ao implante de endoprótese ramificada customizada no falso lúmen da dissecção, cateterizando a artéria renal esquerda através de uma fenestração criada para o efeito e excluindo assim o verdadeiro lúmen da circulação. A selagem distal foi obtida numa zona não dissecada da aorta infra-renal. O angioTC 1 mês apresentava adequada zona de selagem proximal e distal e ramos viscerais permeáveis. O verdadeiro lúmen apresentava trombose parcial.
Conclusão: O implante de uma endoprótese ramificada/fenestrada no falso lúmen é possível, e pode ser uma solução em casos selecionados de forma a ultrapassar complexidades anatómicas e eficazmente excluir o segmento aórtico aneurismático. A durabilidade deste procedimento ainda não se encontra completamente estabelecida, pelo que um follow-up cauteloso é recomendado.
Downloads
Referências
2. Winnerkvist A, Lockowandt U, Rasmussen E, Radegran K. A prospective study of medically treated acute type B aortic dissection. Eur J Vasc Endovasc Surg 2006;32:349-55.
3. Evangelista A, Salas A, Ribera A, Ferreira-González I, Cuellar H, Pineda V. Long-term outcome of aortic dissection with patent false lumen: predictive role of entry tear size and location. Circulation2012;125:3133-41
4. Huang C, Weng S, et al. Factors predictive of distal stent graft-induced new entry after hybrid arch elephant trunk repair with stainless steel-based device in aortic dissection. J Thorac Cardiovasc Surg 2013;146:623-30.
5. Simring D, Raja J, et al. Placement of a branched stent graft into the false lumen of a chronic type B aortic dissection. J Vasc Surg 2011;54:1784-7
6. Watanabe A, Kuratani T, et al. Hybrid endovascular repair of a dissecting thoracoabdominal aortic aneurysm with stent graft implantation through the false lumen. J Vasc Surg 2014;59:264-7