Doença adventicial quística da artéria poplítea – apresentação como isquemia aguda de membro
Popliteal artery’s CAD presenting as ALI
DOI:
https://doi.org/10.48750/acv.41Resumo
Introdução: A doença adventicial quística é uma causa rara de claudicação intermitente. A sua apresentação como isquemia aguda de membro é ainda mais incomum. Esta patologia é causada pelo crescimento de múltiplos quistos na túnica adventícia. Apesar de a sua etiopatogenia não estar totalmente esclarecida a maioria da evidência científica aponta para um erro ocorrido durante o desenvolvimento embrionário das artérias não axiais. Existem várias opções terapêuticas, nomeadamente, a excisão da túnica adventícia, a aspiração percutânea dos quistos e a exérese segmentar da artéria afetada com reconstrução arterial por pontagem.
Métodos: Apresentamos um caso de isquemia aguda de membro causada por doença adventicial quística da artéria poplítea.
Caso Clínico: Doente do sexo masculino com 60 anos de idade observado no Serviço de Urgência por quadro clínico compatível com isquemia aguda do membro inferior direito. A avaliação com eco-doppler revelou uma estenose severa da artéria poplítea causada por quistos adventiciais. O doente foi submetido a intervenção cirúrgica: através de uma abordagem poplítea posterior foi realizada a exérese dos quistos em conjunto com a túnica adventícia com recuperação da normal perfusão do pé com pulsos pedioso e tibial posterior presentes. Aos 18 meses de follow-up o doente encontra-se assintomático sem evidência imagiológica de recidiva.
Conclusões: Devido à raridade da doença não existem estudos que comparem as diferentes estratégias terapêuticas. No entanto, a evidência científica procedente de séries de casos clínicos revela que a técnica cirúrgica escolhida para este doente associa-se a bons resultados constituindo por isso uma boa opção terapêutica desde que a artéria poplítea esteja permeável sem significativa lesão intimal. A apresentação clínica sob a forma de isquemia aguda de membro não está descrita na literatura científica e não é, de momento, totalmente compreensível já que se desconhecem os fatores que regulam a secreção de mucina pelas células mesenquimatosas dos quistos adventiciais.