ISQUEMIA AGUDA RENAL, UMA EMERGÊNCIA CIRÚRGICA VASCULAR COM EVOLUÇÃO AINDA DESCONHECIDA

Autores

  • Ricardo André Correia Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, CHULC, Portugal
  • Joana Catarino Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, CHULC, Portugal
  • Isabel Vieira Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, CHULC, Portugal
  • Rita Bento Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, CHULC, Portugal
  • Rita Garcia Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, CHULC, Portugal
  • Fábio Pais Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, CHULC, Portugal
  • Tiago Ribeiro Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, CHULC, Portugal
  • Joana Cardoso Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, CHULC, Portugal
  • Rita Ferreira Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, CHULC, Portugal
  • Ana Garcia Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, CHULC, Portugal
  • Frederico Bastos Gonçalves Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, CHULC, Portugal
  • Maria Emília Ferreira Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, CHULC, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.48750/acv.357

Palavras-chave:

Isquemia renal aguda, Oclusão da artéria renal, Revascularização da artéria renal, Angioplastia com stent

Resumo

Introdução: A incidência de isquemia aguda renal é baixa. A experiência publicada do seu tratamento cirúrgico resume-se a séries de casos e não há indicações bem definidas para a revascularização renal em caso de isquemia aguda.

Métodos: Estudo observacional retrospetivo realizado com base na consulta de processos clínicos de doentes submetidos a revascularização de artéria renal por isquemia aguda renal, num hospital universitário terciário, de Janeiro de 2011 a Junho de 2020. O endpoint primário foi a taxa de diálise aos 30 dias e os endpoints secundários foram a taxa de doença renal crónica de novo aos 30 dias e a sobrevida aos 30 dias.

Resultados:

 

 Foram incluídos 11 doentes com isquemia aguda renal. As causas da oclusão arterial renal foram: disseção aórtica (N=3), trombose de artéria renal nativa (N=3), trombose de revascularização renal prévia (N=3), embolia (N=1) e trauma fechado (N=1). Dois dos casos corresponderam a doentes com rim único. A mediana de tempo desde o início do quadro até à revascularização cirúrgica foi de 24 horas. Dois doentes apresentavam doença renal crónica prévia conhecida. A apresentação clínica foi de dor lombar ou abdominal (n=8), HTA não controlada (N=5) e/ou oligoanúria (N=5). O diagnóstico foi realizado em todos com recurso a angio-TC. Em todos os doentes, a artéria renal principal estava afetada (N=9 desde o seu óstio) e havia algum grau de captação de contraste pelo rim afetado. Em todos os casos, foi realizada a revascularização unilateral de uma artéria renal com sucesso angiográfico, com exceção de um dos três casos em que a isquemia renal era bilateral, em que ambas as artérias renais ocluídas foram revascularizadas. Com exceção de um doente com oclusão de stent (submetido a angioplastia com DCB), todos foram submetidos a angioplastia com stent (6 com stents cobertos). Dois doentes apresentaram oligoanúria no pós-operatório e quatro necessitaram de pelo menos uma sessão dialítica. Aos 30 dias, a taxa de diálise foi de 11% (doente com isquemia aguda renal bilateral de etiologia traumática com 13 horas de evolução) e a taxa de doença renal crónica de novo de 22%. A sobrevida aos 30 dias foi de 90%. 

Conclusão: Nesta população de doentes, pode-se verificar a reversão da isquemia aguda renal mesmo após oclusões prolongadas das artérias renais. No entanto, com os dados disponíveis, não é possível anteceder quais os doentes que recuperarão a função renal prévia após revascularização urgente com sucesso angiográfico. Por ser rápido e pouco invasivo, o tratamento endovascular é a primeira linha no tratamento cirúrgico da isquemia aguda renal na nossa instituição. 

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Referências

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Publicado

2021-06-02

Como Citar

1.
Correia RA, Catarino J, Vieira I, Bento R, Garcia R, Pais F, Ribeiro T, Cardoso J, Ferreira R, Garcia A, Gonçalves FB, Ferreira ME. ISQUEMIA AGUDA RENAL, UMA EMERGÊNCIA CIRÚRGICA VASCULAR COM EVOLUÇÃO AINDA DESCONHECIDA. Angiol Cir Vasc [Internet]. 2 de Junho de 2021 [citado 24 de Novembro de 2024];17(1):7-12. Disponível em: https://acvjournal.com/index.php/acv/article/view/357

Edição

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Artigo Original