TRAUMATISMO FECHADO DA AORTA — REVISÃO DE CASOS
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DOI:
https://doi.org/10.48750/acv.339Palavras-chave:
Traumatismo fechado da aorta, Transecção da Aorta, Istmo Aórtico, TEVARResumo
Introdução: O traumatismo fechado da aorta (TFA) é uma causa major de mortalidade no trauma de alta velocidade. Embora a maior parte dos casos resulte em morte instantânea, o TFA pode estar presente em doentes politraumatizados e um elevado índice de suspeição é necessário. O tratamento endovascular oferece vantagens significativas e é actualmente o standard of care. O objectivo deste estudo é avaliar a nossa experiência institucional no tratamento endovascular do TFA.
Métodos: Foi feita uma análise retrospectiva dos dados de alta dos doentes admitidos por TFA entre os anos de 2010 e 2019 da base de dados administrativa da nossa instituição (centro de trauma de nível 1). Foi usado o código de procedimento 39.73 – implantação endovascular de enxerto na aorta torácica e cruzado com os registos hospitalares para identificar todos os casos de TFA. Os dados de seguimento foram retirados dos processos clínicos. Os endpoints primários foram primary technical and clinical success. Os endpoints secundários foram tempo para o diagnóstico e para tratamento cirúrgico relativamente ao evento traumático, mortalidade, ongoing primary clinical success, e detalhes do procedimento (revascularização do membro superior, drenagem de líquido cefalorraquidiano, heparinização sistémica, oversizing).
Resultados: Identificámos seis doentes com TFA que foram submetidos a TEVAR entre 2010 e 2019. Todos foram vítimas de trauma de desaceleração de alto impacto, tinham idades entre os 24 e os 57 anos, e eram previamente saudáveis. Lesões major estavam presentes em todos (Injury Severity Score 14–57). Todos os doentes foram submetidos a AngioTC à admissão, o que permitiu o diagnóstico precoce e o tratamento em menos de 24 horas em todos excepto um (que foi tratado nas primeiras 48 horas). Lesões de grau III estavam presentes em todos os doentes. Todos os doentes foram submetidos a TEVAR com 100% de primary technical and clinical success. Três doentes tinham lesões que se estendiam acima da artéria subclávia, pelo que foi necessária exclusão da mesma, mas nenhum doente foi submetido a revascularização do membro superior. Não foi usada drenagem de líquido cefalorraquidiano em nenhum doente e não houve eventos neurológicos. Metade dos doentes foram submetidos a heparinização sistémica durante o procedimento. O oversizing médio foi de 16% (10–35%). Não houve mortalidade hospitalar nem mortalidade durante o follow-up (duração média de 35,5 meses com IIQ de 84,5 meses) e o ongoing primary clinical success é de 100%.
Conclusão: O tratamento endovascular é seguro e eficaz para os casos de TFA, mesmo em doentes politraumatizados, e são expectáveis bons resultados a médio prazo. As especificações do procedimento tal como a necessidade de revascularização do membro superior, uso de drenagem de líquido cefalorraquidiano, oversizing e heparinização sistémica ainda não estão bem definidas. As consequências a longo prazo ainda necessitam clarificação.
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