INFEÇÃO DE PRÓTESE AÓRTICA: UMA SOLUÇÃO HÍBRIDA E ESTADIADA
DOI:
https://doi.org/10.48750/acv.249Palavras-chave:
infeção protésica, bypass aorto-bifemoral, doença arterial periférica, bypass visceral, cirurgia bíbridaResumo
A infeção de prótese aórtica é uma condição clínica potencialmente fatal e um desafio terapêutico para qualquer cirurgião vascular. Os autores relatam o caso de uma infeção de prótese aórtica complexa abordada com uma estratégia híbrida e faseada.
Um paciente do sexo masculino, de 51 anos de idade, foi admitido no nosso serviço com o diagnóstico de falso-aneurisma da anastomose femoral esquerda e sinais inflamatórios na região femoral contralateral. Trata-se de um doente submetido há 5 anos a uma interposição aorto-bifemoral com um bypass para a artéria mesentérica superior (AMS) por doença oclusiva aorto-ilíaca, e recentemente tratado por cirurgia aberta a um falso-aneurisma na anastomose femoral direita. A investigação diagnóstica iniciada neste internamento (angio-CT e PET-Scan) confirmou a infeção do enxerto aorto-bifemoral. Uma abordagem híbrida com três tempos operatórios foi então planeada. Na primeira etapa, foi construído um bypass axilofemoral esquerdo, a contornar a área infetada, com laqueação do ramo esquerdo do enxerto aorto-bifemoral. Duas semanas depois, o paciente foi submetido à recanalização endovascular da AMS com implantação de um stent autoexpansível e à construção de um bypass axilofemoral direito com a respetiva laqueação do ramo protésico infetado. Uma semana depois, é feita a exclusão da anastomose proximal do
bypass visceral com implantação de um stent coberto na AMS. No mesmo tempo operatório, o doente é submetido a laparotomia para excisão completa do material protésico infetado, com subsequente laqueação aórtica. O paciente recebeu alta nas três semanas seguintes com antibioterapia oral. A tomografia computadorizada pós-operatória confirmou a permeabilidade da AMS, de ambas as artérias renais, bem como dos bypasses extra-anatómicos, com aparente resolução da infeção intra-abdominal.
O caso relatado é bastante incomum e representa um desafio devido à presença de um bypass da AMS associado a uma infeção protésica. A recanalização endovascular da AMS possibilitou a excisão total dos enxertos abdominais infetados.
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