ISQUEMIA DE COTO DE AMPUTAÇÃO TRANSFEMORAL: UM DESAFIO CIRÚRGICO NA PREVENÇÃO DA MORTALIDADE
DOI:
https://doi.org/10.48750/acv.230Palavras-chave:
Isquemia de coto, desarticulação anca, revascularização de artéria femoral profunda, amputação transfemoralResumo
Introdução: A isquemia de coto de amputação transfemoral (TF) é uma condição clínica grave e que, se não tratada, geralmente cursa com progressão da isquemia o que pode levar à necessidade de desarticulação da anca e à morte. O objetivo deste trabalho é apresentar a nossa mais recente experiência em revascularização de cotos.
Materiais/Métodos: Revisão retrospetiva de todos os doentes com isquemia de cotos TF tratados na nossa instituição entre julho de 2018 e março de 2019.
Resultados: Nos últimos nove meses foram tratadas quatro isquemias de cotos TF. Dois deles apresentaram isquemia não aguda, com dor associada e lesões tróficas após pequeno trauma, vários meses após a cirurgia e cicatrização do coto. Em ambos os doentes, a tomografia computadorizada (TC) revelou oclusão da artéria femoral comum (AFC) e foi inconclusiva relativamente à permeabilidade da artéria femoral profunda (AFP). Face à gravidade da isquemia, foi considerada obrigatória uma tentativa de revascularização tendo-se procedido a uma exploração cirúrgica da AFP. Intra-operatoriamente a AFP revelou ter condições para
ser outflow de um bypass. Nos outros dois casos, a isquemia do coto foi aguda. Um caso desenvolveu isquemia após tratamento cirúrgico de um falso aneurisma ipsilateral da AFC (com necessidade de laqueação da AIE) tratado com um bypass da AIE para as AFP e AFS. O segundo caso refere-se a um doente admitido com oclusão da bifurcação aórtica e isquemia irreversível da perna direita tendo sido submetido a amputação TF primária. No pós-operatório evoluiu com isquemia do coto com agravamento progressivo.
Foi realizada revascularização com bypass axilo-femoral e re-amputação proximal. Em três casos ocorreu cicatrização do coto e bom outcome, o último doente morreu no pós-operatório.
Discussão/Conclusões: A isquemia de cotos de amputação TF conduz normalmente a agravamento progressivo, necrose, infeção e morte. Quando as AFC/AFP estão ocluídas, a re-amputação geralmente é insuficiente e a progressão da isquemia pode ditar a necessidade de uma desarticulação, procedimento muito agressivo e mutilador com alta taxa de morbi/mortalidade e que não impede a progressão para isquemia pélvica e morte. A revascularização, com base na AFP ou na hipogástrica, é a melhor alternativa terapêutica e deve ser tentada mesmo em doentes frágeis. Acreditamos que a nossa pequena série
reforça a ideia de que a revascularização do coto é possível e pode salvar tanto o coto como a vida do doente.
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