DOENÇA ADVENTICIAL QUÍSTICA DA ARTÉRIA POPLÍTEA — APRESENTAÇÃO COMO ISQUEMIA AGUDA DE MEMBRO

Autores

  • Duarte Rego Angiology and Vascular Surgery Department of Centro Hospitalar do Porto — Hospital de Sto. António, Porto
  • Paulo Almeida Angiology and Vascular Surgery Department of Centro Hospitalar do Porto — Hospital de Sto. António, Porto
  • Rui Almeida Angiology and Vascular Surgery Department of Centro Hospitalar do Porto — Hospital de Sto. António, Porto

DOI:

https://doi.org/10.48750/acv.192

Palavras-chave:

Doença arterial periférica, Doença adventicial quística, Artéria poplítea, Doença arterial quística

Resumo

Introdução: A doença adventicial quística é uma causa rara de claudicação intermitente. A sua apresentação como isquemia aguda de membro é ainda mais incomum. Esta patologia é causada pelo crescimento de múltiplos quistos na túnica adventícia. Apesar de a sua etiopatogenia não estar totalmente esclarecida a maioria da evidência científica aponta para um erro ocorrido durante o desenvolvimento embrionário das artérias não axiais. Existem várias opções terapêuticas, nomeadamente, a excisão da túnica adventícia, a aspiração percutânea dos quistos e a exérese segmentar da artéria afetada com reconstrução arterial por pontagem.

Métodos: Apresentamos um caso de isquemia aguda de membro causada por doença adventicial quística da artéria poplítea. Caso Clínico: Doente do sexo masculino com 60 anos de idade observado no Serviço de Urgência por quadro clínico compatível com isquemia aguda do membro inferior direito. A avaliação com eco-doppler revelou uma estenose severa da artéria poplítea causada por quistos adventiciais. O doente foi submetido a intervenção cirúrgica: através de uma abordagem poplítea posterior foi realizada a exérese dos quistos em conjunto com a túnica adventícia com recuperação da normal perfusão do pé com pulsos pedioso e tibial posterior presentes. Aos 18 meses de follow-up o doente encontra-se assintomático sem evidência imagiológica de recidiva.

Conclusões: Devido à raridade da doença não existem estudos que comparem as diferentes estratégias terapêuticas. No entanto, a evidência científica procedente de séries de casos clínicos revela que a técnica cirúrgica escolhida para este doente associa-se a bons resultados constituindo por isso uma boa opção terapêutica desde que a artéria poplítea esteja permeável sem significativa lesão intimal. A apresentação clínica sob a forma de isquemia aguda de membro não está descrita na literatura científica e não é, de momento, totalmente compreensível já que se desconhecem os fatores que regulam a secreção de mucina pelas células mesenquimatosas dos quistos adventiciais.

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Publicado

2017-09-30

Como Citar

1.
Rego D, Almeida P, Almeida R. DOENÇA ADVENTICIAL QUÍSTICA DA ARTÉRIA POPLÍTEA — APRESENTAÇÃO COMO ISQUEMIA AGUDA DE MEMBRO. Angiol Cir Vasc [Internet]. 30 de Setembro de 2017 [citado 27 de Novembro de 2024];13(3):50-4. Disponível em: https://acvjournal.com/index.php/acv/article/view/192

Edição

Secção

Caso Clínico

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