AUTOTRANSPLANTE RENAL: UMA SOLUÇÃO PARA SITUAÇÕES COMPLEXAS DIVERSAS

Autores

  • Pedro Pinto Sousa Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular; Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho; Vila Nova de Gaia; Portugal
  • Pedro Sá Pinto Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular; Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho; Vila Nova de Gaia; Portugal
  • Rui Machado Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular; Centro Hospitalar do Porto; Porto; Portugal
  • Rui Almeida Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular; Centro Hospitalar do Porto; Porto; Portugal

DOI:

https://doi.org/10.48750/acv.172

Palavras-chave:

Autotransplante renal, laparoscopia, Síndrome de nutcracker, Aneurisma da artéria renal, Reparo ex vivo

Resumo

Introdução: O autotransplante renal (RA) é um procedimento seguro e eficaz, utilizado em patologias que requeiram reconstrução do trato urinário, cujo primeira intervenção foi descrita por Hardy em 1963. As principais indicações são doença renovascular, patologias ureterais e doença neoplásica. O RA poderá ainda ser útil em casos selecionados, como último recurso na prevenção de perda renal, especialmente quando os métodos convencionais não tiveram sucesso.

Materiais e métodos: Os autores pretendem descrever quatro diferentes situações em que o RA foi a melhor solução para a patologia apresentada pelos doentes.

Caso clínico I — Doente do sexo masculino, 52 anos de idade, com história de nefrectomia esquerda prévia e urete- rostomia direita, no contexto de exacerbação da sua doença de Crohn. Apresentava-se agora, recentemente, com infeções urinárias de repetição e consequente disfunção renal;

Caso clínico II — Doente do sexo feminino, 57 anos de idade, a quem foi diagnosticado um aneurisma da artéria renal enquanto era estudada como potencial dadora para transplante renal;

Caso clínico III — Doente do sexo masculino, 49 anos de idade, admitido no Serviço de urgência vítima de trauma penetrante com atingimento abdominal e consequentes lesões ureterais e do trato intestinal. Submetido a laparo- tomia com reconstrução das mesmas, mas posteriores peritonites de repetição que condicionaram necessidade de ureterostomia que o doente recusava;

Caso clínico IV — Doente do sexo feminino, 24 anos de idade, com o diagnóstico de Síndrome de Nutcraker após estudo realizado na sequência de admissão no Serviço de urgência com hematúria franca.

Resultados: Todos os doentes foram submetidos a RA. As intervenções cirúrgicas decorreram sem intercorrências com apenas um doente a ter desenvolvido uma complicação (deiscência de ferida cirúrgica) no período pós-operatório. Foi realizado ecoDoppler e cintigrafia renal nos dias subsequentes ao procedimento que atestou a normal perfusão dos rins transplantados.

Discussão: O RA foi realizado em dois doentes no contexto de lesões ureterais e perante a ausência de tratamento viável alternativo que não a perda do rim. Os outros dois casos ocorreram no contexto de patologias renovasculares complexas (uma arterial e outra venosa). Apesar da existência de opções endovasculares para estes casos, a publicação de resultados de seguimento a longo prazo ainda é escassa.

Conclusão: O RA é uma opção viável em situações específicas em que é imperial a salvação do rim. Os avanços recentes com nefrectomia laparoscópica vieram reduzir de forma significativa a agressividade do procedimento cirúrgico, promovendo o RA como uma arma de tratamento de real valor no tratamento de patologias vasculares complexas, doença renovascular e ureteral traumática bem como situações médicas específicas. O RA representa assim, uma alternativa credível com resultados demonstrados e publicados, exigindo, contudo, ser realizado num Centro com elevada experiência institucional.

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Referências

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Publicado

2022-03-02

Como Citar

1.
Pinto Sousa P, Sá Pinto P, Machado R, Almeida R. AUTOTRANSPLANTE RENAL: UMA SOLUÇÃO PARA SITUAÇÕES COMPLEXAS DIVERSAS. Angiol Cir Vasc [Internet]. 2 de Março de 2022 [citado 23 de Novembro de 2024];17(4):339-43. Disponível em: https://acvjournal.com/index.php/acv/article/view/172

Edição

Secção

Caso Clínico

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