ROTURA DE ANEURISMA DA AORTA ABDOMINAL NA ERA DO TRATAMENTO ENDOVASCULAR — VALIDAÇÃO UNICÊNTRICA DE 2 ALGORITMOS DE PREVISÃO DE RISCO
DOI:
https://doi.org/10.48750/acv.99Palavras-chave:
Aneurisma da Aorta Abdominal, Aneurisma em rotura, Mortalidade, Técnicas de suporte de decisãoResumo
Introdução: Atualmente, o aneurisma da aorta abdominal em rotura (AAAr) continua a apresentar uma elevada taxa de mortalidade associada e consequentemente a decisão de prosseguir ou recusar tratamento cirúrgico é extremamente complexa. Os algoritmos de previsão de risco de mortalidade por AAAr desenvolvidos antes da globalização do tratamento endovascular de aneurisma da aorta abdominal (EVAR) em rotura tiveram a sua validade questionada numa era em que quer a cirurgia aberta (CA) quer o EVAR estão disponíveis. Em 2017, foram publicados dois novos algoritmos de previsão de risco, ambos baseados em variáveis clínicas facilmente obtidas e validados numa população submetida quer a CA quer a EVAR. O objetivo deste trabalho foi descrever a evolução da experiência no tratamento de AAAr na nossa instituição e validar a aplicabilidade dos algoritmos supracitados na nossa prática.
Métodos: Os dados clínicos de todos os doentes admitidos entre 2010 a 2016 com o diagnóstico de AAAr foram avaliados retrospetivamente e foi realizada análise estatística usando SPSS V.22.
Resultados: Foi incluído um total de 71 doentes, 19 dos quais submetidos a EVAR e 52 a CA. Houve um aumento significativo ao longo do tempo de procedimentos de EVAR, e em 2015 a taxa anual de EVAR excedeu a de CA. A população de pacientes submetidos a EVAR e CA é sobreponível em fatores como género, idade e co-morbilidades com exceção do tabagismo, mais comum no grupo EVAR (73,7% Vs 36,5%; p = 0,005). Não foram registrados casos de morte intraoperatória no grupo EVAR, por oposição a 17% no grupo CA (p = 0,049). A mortalidade aos 30 dias atingiu 49% no grupo CA e 31,6% no grupo EVAR (p> 0,05). Vários preditores de mortalidade pré-operatórios foram identificados: tabagismo (p = 0,005), instabilidade hemodinâmica pré-operatória (p = 0,003) e razão internacional normalizada (INR) à admissão (p <0,0001). Identificou-se como preditor de mortalidade pós-operatório a instabilidade hemodinâmica pós-operatória (p<0,0001) Realizou-se uma regressão logística binária e concluiu-se que o INR elevado e a instabilidade pós-operatória foram preditores de risco independentes de outcome (p <0,05). Os modelos de previsão de mortalidade supracitados foram aplicados à nossa população e a mortalidade estimada correlacionou- se significativamente com a mortalidade real (mortalidade estimada 41% e 45,3% Vs mortalidade real 45%, ambos com p <0,0001). A correlação de Pearson foi aplicada para comparar os scores e concluiu um coeficiente de correlação de 0.775 (p <0,001), descrevendo uma correlação linear positiva significativa entre scores.
Conclusões: Nos últimos anos, o EVAR tornou-se cada vez mais o procedimento de escolha para rAAA na nossa instituição. Nesta população, ambos os algoritmos de previsão de pontuação foram aplicados retrospetivamente e ambos previram com acuidade a mortalidade na população estudada (p <0,001).
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