ANÁLISE CLÍNICA E MUTACIONAL DE UMA COORTE DE PACIENTES PORTUGUESES COM PARAGANGLIOMAS DO CORPO CAROTÍDEO
DOI:
https://doi.org/10.48750/acv.458Palavras-chave:
Paragangliomas, Mutações SDH, CirurgiaResumo
Introdução: Representando 0,03% de todos os tumores, os paragangliomas (PGLs) são extremamente raros. Nos últimos 15 anos, houve um progresso significativo no conhecimento da genética dos PGLs. Mutações germinais nos genes da succinato desidrogenase (SDH) são a causa genética mais comum de PGL.
Objetivo: Dada a elevada relevância clínica do gene da SDH, pretendemos avaliar o valor diagnóstico e prognóstico das mutações de SDH numa coorte portuguesa com paragangliomas do corpo carotídeo.
Descrevemos ainda a experiência de diversos departamentos de Angiologia e Cirurgia Vascular no tratamento destes tumores.
Métodos: Quarenta e seis indivíduos foram incluídos no presente estudo, dos quais quarenta e dois eram casos-ín- dice e quatro eram familiares. Características clínicas e dados bioquímicos foram obtidos através de uma análise retrospectiva de arquivos clínicos. O ADN foi isolado a partir de amostras de sangue periférico obtidas de todos os indivíduos após o seu consentimento informado por escrito. Para todos os indivíduos recrutados, a análise genética envolveu a pesquisa de mutação de toda a região codificadora do gene SDHD que foi estendida ao gene SDHB, em um subgrupo de pacientes com apresentação mais agressiva.
Resultados: Desde 2016 até o momento, a análise genética foi oferecida a 46 pacientes com PGL do corpo carotídeo. Os pacientes têm origem em departamentos de Angiologia e Cirurgia Vascular de todo o país.
A análise genética identificou sete mutações heterozigoticas diferentes no gene SDHD (p.Met1Val, p.Met1Ile, p.Gly12Ser, p.Pro53Leu, IVS3 + 4G> A, IVS3-2A> C, p.Leu139Phefs). Além disso, uma mutação no gene SDHB (p.Ser198Alafs) também estava presente em um caso índice. As mutações do SDHD foram identificadas em oito dos 41 pacientes-índice (20%) e em três dos quatro casos familiares estudados (75%). Destes, uma mutação, p.Met1Ile, estava presente em dois pacientes aparentemente não relacionados.
A prevalência do tipo familiar variou entre os estudos relatados de 5% a 30%, em nosso estudo, eles representam 26% (12 casos) da amostra. Essa variabilidade ampla resulta da existência de casos familiares ocultos.
Conclusão: O screeninggenético permite a identificação de casos familiares e melhora a tomada de decisão clínica dos pacientes e seus familiares. O presente estudo contribui para uma caracterização mais ampla do perfil molecular de pacientes europeus com PGL.
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