ANÁLISE REAL UNICENTRICA DO USO DE DISPOSITIVOS RAMIFICADOS ILIACOS PARA REPARAÇÃO DE ANEURISMAS AORTO-ILIACOS
DOI:
https://doi.org/10.48750/acv.444Palavras-chave:
Iliac-Branch-Device, Aneurisma aorto-ilíaco, Aneurisma ilíaco, Coorte, Preservação da artéria ilíaca, EVAR, IBDResumo
Introdução: A reparação endovascular dos aneurismas aórticos está amplamente estabelecida. No entanto, os aneurismas aorto-ilíacos representam um desafio, especificamente no que diz respeito à selagem distal. Uma abordagem frequente é a extensão do ramo ilíaco à artéria ilíaca externa (AIE) com oclusão da artéria ilíaca interna (AII), com grau variável de isquemia pélvica associada a morbilidade significativa.
Os Iliac branched devices (IBD) permitem a criação de landing zones distais na AIE e AII, mantendo a perfusão pélvica. Realizámos uma análise descritiva e de avaliação dos resultados do uso de IBD numa coorte de doentes de um único centro.
Métodos: Foi realizada uma análise retrospectiva, observacional, e descritiva de um coorte de todos os doentes propostos para abordagem com IBDs de janeiro de 2008 a dezembro de 2020. O sucesso técnico foi definido como a implantação correta do IBD com permeabilidade confirmada de ambas as AIE e AII. Incluímos todos os pacientes nos quais pelo menos um IBD foi implantado, independentemente de procedimentos adicionais.
Resultados: Dos 54 pacientes identificados, 53 foram incluídos (sucesso técnico 98,1%). Cinquenta e dois eram homens (98,2%), com idade média de 73,5 anos (DP 8,1). O diâmetro aórtico médio foi de 56,4 mm (DP 13,4), o diâmetro médio do aneurisma da AIC foi de 37,0 mm (DP 12,7).
Um total de 60 IBDs foram realizados (dispositivo ZBIS da Cook® Medical), dos quais 5 como parte do tratamento complexo da aorta com endopróteses fenestradas, 32 EVAR com IBD unilateral, 7 EVAR com IBD bilateral, 6 EVAR com IBD unilateral e extensão contralateral à AIE com embolização da AII e 3 IBD isolados (para endoleaks tipo 1B após EVAR ou aneurisma ilíaco isolado).
As complicações perioperatórias incluíram lesão renal aguda (LRA) (11,3% - 5/44), paraparesia e isquemia intestinal (1,9% cada), um acidente vascular cerebral embólico intra-operatório (1,9%) e um enfarte agudo do miocárdio (EAM) (1,9%). O acompanhamento médio pós-operatório foi de 9 meses (IIQ: 16, 1-80 meses), durante o qual 4,9% (2/42) desenvolveram endoleaks tipo IB, 4,9% (2/42) aumento do aneurisma ilíaco, 2,4% (1/42) kinking do ramo, 4,9% (2/42) oclusão do ramo, com taxa de re-intervenção de 7,14% (3/42). Não encontrámos uma associação com significado estatístico entre a permeabilidade de ramo e terapêutica com anti-agregação simples, dupla, ou anticoagulação (p = 0,6). Não houve diferença significativa na incidência de LRA entre IBD bilateral ou unilateral (independentemente do procedimento contra-lateral). Nenhuma mortalidade hospitalar foi registada. Houve um óbito hospitalar pós-EAM (1,9%), mortalidade global de 17% (9/53).
Conclusão: A complicação mais frequente encontrada na avaliação deste coorte foi a LRA, aparentemente sem relação direta com a técnica em si. As complicações no seguimento foram poucas e principalmente associadas à perda do selagem distal ou por oclusão de ramo, implicando uma taxa de reintervenção considerável.
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