PANORAMA EUROPEU EM CIRURGIA VASCULAR: RESULTADOS DE 5 ANOS DE EXAMES FEBVS
DOI:
https://doi.org/10.48750/acv.266Palavras-chave:
FEBVS, Cirurgia Vascular, TreinoResumo
Introdução: O exame para Fellow of the European Board of Vascular Surgery (FEBVS) é um exame de certificação europeia para Cirurgiões Vasculares ou Cirurgiões Gerais com certificação em Cirurgia Vascular. Este exame compreende uma avaliação extensa da patologia vascular, e inclui a análise crítica de diversos casos clínicos, revisão crítica de um artigo científico e avaliação directa das competências técnicas em cirurgia aberta e endovascular, em diferentes simuladores devidamente certificados. É, por isso, visto cada vez mais como um standard de qualidade para os especialistas em Cirurgia Vascular, de tal forma que constitui o exame de final de especialidade de países como a Holanda ou a Suíça.
Através deste trabalho, pretende-se proceder a uma revisão crítica dos resultados dos últimos 10 exames FEBVS.
Métodos: Foi efectuada uma revisão dos resultados dos últimos 10 exames FEBVS realizados consecutivamente. Proce- deu-se à colheita dos resultados referentes à avaliação de competências técnicas em cirurgia aberta (anastomose aórtica, anastomose distal e endarterectomia carotídea), avaliação de competências técnicas em cirurgia endovascular, análise crítica de casos clínicos e revisão de um artigo científico. As características demográficas dos candidatos foram também aferidas. Por fim, procedeu-se à revisão das taxas de insucesso, globais e específicas, assim como à avaliação do seu comportamento ao longo do período de tempo avaliado.
Resultados: Trezentos candidatos, com formação em Cirurgia Vascular realizada em 26 países diferentes, foram avaliados em 10 exames consecutivos realizados ao longo dos últimos 5 anos (2014–2018). A maioria dos candidatos realizaram a sua formação na Holanda (24,1%), embora se observe uma representação igualmente significativa por parte da Alemanha (13,4%), Espanha (12,4%) e Reino Unido (11,4%). 77,7% dos candidatos eram do sexo masculino, com uma idade média de 36 anos.
A taxa de insucesso global foi de 28,3%, e 5,3% dos candidatos foram considerados “honours” atendendo à sua performance excepcional (pontuação global >90%). 21,2% dos candidatos que falharam inicialmente o exame, repetiram-no, com uma taxa de sucesso de 56,1%.
Dentro de cada uma das avaliação individuais que constituem o exame, a taxa de falência foi significativamente maior na revisão do artigo científico (24,7%), quando em comparação com a avaliação de competências técnicas em cirurgia aberta (16%), endovascular (14%), ou análise de casos clínicos.
Em relação a cada um das competências técnicas individuais em cirurgia aberta que foram avaliadas, a taxa de falência foi significativamente maior na anastomose aórtica (29,3%), quando em comparação com a anastomose distal (16%) e endarterectomia carotídea (17,6%). Mais importante, observou-se uma tendência para o aumento da taxa de falência da anastomose aórtica ao longo do período de tempo seleccionado, o que vem de encontro áquilo que é a percepção global dentro da especialidade, nomeadamente de que existe uma perda progressiva de competências técnicas em cirurgia aórtica aberta junto dos jovens profissionais.
Portugal representa apenas 4,2% de todos os candidatos FEBVS, e a taxa de sucesso para o período de tempo avaliado foi de 100%.
Conclusão: O exame FEBVS é um exame completo, que avalia de forma independente, competências técnicas e teóricas. A taxa de insucesso é elevada, embora a existência de “honours” permita inferir que o nível de dificuldade é balanceado. Uma perda progressiva das competências técnicas em cirurgia aórtica aberta tem vindo a ser observada, e reforça a necessidade de treino em simuladores neste território.
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Referências
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