UMA SOLUÇÃO HÍBRIDA PARA O TRATAMENTO DE UM ANEURISMA TORACOABDOMINAL: A “TÉCNICA SIMPLIFICADA” ASSOCIADA A IMPLANTAÇÃO DE ENDOPRÓTESE NA ANASTOMOSE AÓRTICA PROXIMAL
DOI:
https://doi.org/10.48750/acv.248Palavras-chave:
Aneurisma thoracoabdominal, endoprótese, cirurgia convencional, técnica simplificadaResumo
Introdução: O aneurisma da aorta toracoabdominal (ATA) persiste um verdadeiro desafio para o cirurgião vascular. O presente trabalho descreve o caso clínico de um ATA de tipo III (classificação de Crawford) tratado segundo a “técnica simplificada”, associado à implantação de uma endoprótese na anastomose aórtica proximal de forma a minimizar o risco de rotura do coto aórtico.
Caso Clínico: Uma paciente do sexo feminino, de 43 anos de idade, procedente de Moçambique, foi evacuada do seu país e admitida no nosso serviço de urgência por dor torácica e abdominal crónica, com agravamento nos últimos dias. A doente tinha como antecedentes pessoais infeção por HIV e história de tuberculose pulmonar. Ao exame objetivo revelou uma massa abdominal pulsátil e dolorosa, e a angiotomografia computadorizada (angioTC) confirmou um ATA tipo III de 8cm de maior diâmetro, sem sinais de rotura. O tratamento endovascular não se mostrou ser opção viável derivado à morfologia do aneurisma e, devido à indisponibilidade pontual dos habituais métodos adjuvantes à técnica de Crawford (CEC e perfusão visceral seletiva), optou-se por tratar a paciente utilizando a “técnica simplificada”. Desta forma, foi submetida a uma toracofrenolaparotomia com rotação visceral medial esquerda.
Uma prótese bifurcada de Dacron 18x9mm foi anastomosada às artérias ilíacas externas e proximalmente a um enxerto de poliéster de 22 mm com quatro ramos (Jotec®). Por sua vez, foi construída uma anastomose à aorta torácica descendente (término-lateral) com clampagem parcial da aorta de forma a permitir uma contínua perfusão visceral e renal. Por fim, procedeu-se à clampagem do segmento da aorta distal à anastomose proximal e da aorta infra-renal para abertura e ressecção parcial do aneurisma.
A perfusão dos membros inferiores foi mantida pelo shunt lateral. Ambos os rins foram perfundidos com solução de lactato de Ringer e as artérias viscerais foram temporariamente ocluídas com cateteres de Fogarty. As quatro anastomoses foram sequencialmente realizadas para a artéria renal direita, artéria mesentérica superior, tronco celíaco e a artéria renal esquerda. Por fim, foi implantada uma endoprótese Zenith Alpha® 32x155mm na aorta torácica descendente de forma a excluir o coto aórtico. A operação decorreu sem intercorrências. O período pós-operatório foi complicado de uma infeção pulmonar, e a angioTC revelou a oclusão do enxerto da artéria renal esquerda (sem repercussão clínica ou laboratorial). A paciente teve alta 50 dias após a operação por motivos sociais.
Conclusão: A exclusão do coto aórtico na “técnica simplificada” com implantação de uma endoprótese aórtica foi previamente descrita e permite controlar umas das principais limitações desta técnica. Essa estratégia foi uma alternativa bem-sucedida para abordar um ATA, já que os métodos adjuvantes de proteção de órgãos não se encontravam disponíveis.
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