DIFERENÇAS DE GÉNERO NA APRESENTAÇÃO DE ISQUÉMIA CRÓNICA DE MEMBRO INFERIOR E NOS RESULTADOS APÓS REVASCULARIZAÇÃO

Autores

  • Ricardo Correia Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Joana Catarino Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Isabel Vieira Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Rita Bento Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Rita Garcia Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Fábio Pais Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Tiago Ribeiro Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Joana Cardoso Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Rita Ferreira Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Ana Garcia Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Frederico Bastos Gonçalves Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Maria Emília Ferreira Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.48750/acv.355

Palavras-chave:

Género, Doença arterial periférica (DAP), Isquemia crónica com compromisso do membro (ICCM), Revascularização de membro inferior

Resumo

Introdução: Os resultados após revascularização de membro inferior, quando estratificados por sexo, são piores no sexo feminino, particularmente após procedimentos convencionais. As mulheres parecem ter maior probabilidade de complicações do procedimento, amputação e morte quando comparadas com os homens. Este estudo pretende identificar as diferenças nas características demográficas, apresentação clínica e principais outcomes após revascularização de membro inferior, entre doentes do sexo masculino e feminino.

Métodos: Este estudo unicêntrico retrospetivo observacional incluiu todos os membros inferiores sem revascularização prévia em doentes com diagnóstico de DAP, que foram submetidos a um procedimento terapêutico vascular num hospital terciário, entre Janeiro de 2017 e Dezembro de 2018. O grupo do sexo feminino (Grupo F) foi comparado com o grupo do sexo masculino (Grupo M). O endpoint primário foi a amputação major e os endpoints secundários foram a restenose/oclusão diagnosticada, reintervenção vascular e sobrevida. A análise de subgrupos foi realizada após estratificação em procedimentos convencionais, endovasculares ou híbridos.

Resultados: O Grupo M incluiu 324 membros inferiores de doentes do sexo masculino, com uma idade média de 67,5 anos. O Grupo F incluiu 96 membros inferiores de doentes do sexo feminino, com uma idade média de 71,7 anos (p<0,001). Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa nos fatores de risco cardiovascular entre os grupos, com exceção de uma maior prevalência de tabagismo no Grupo M e de hipertensão no Grupo F (p<0.001). 83% dos procedimentos no Grupo F e 79% dos procedimentos no grupo M foram realizados devido a isquemia crónica com compromisso do membro (ICCM; p=0,321). Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa no que diz respeito ao grau de ferida ou infeção (WIfI) e ao estadiamento anatómico de doença femoropopliteia ou abaixo do tornozelo (GLASS). O Grupo M apresentou maior prevalência de doença aorto-ilíaca (p=0,014) e da artéria femoral comum (p=0.001) e o Grupo F apresentou doença abaixo-do-joelho mais grave (p=0,012). No Grupo F observou-se uma maior proporção de procedimentos endovasculares (p<0.001). A taxa de amputação do Grupo M e no Grupo F foi de 8±2% e 7±3% a 1 mês, 14±2% e 16±4% a 1 ano, e 15±2% e 19±4% a 2 anos, respetivamente (p=0,564). Não houve diferenças significativas nas taxas de restenose/oclusão entre os grupos (p=0,395). As taxas de reintervenção no Grupo M e no Grupo F foram 13±2% e 13±3% a 1 mês, 21±2% e 20±4% a 1 ano, e 25±3% e 24±5% a 2 anos, respetivamente (p=0,74). A sobrevida no Grupo M e no Grupo F foi de 97±1% e 93±3% a 1 mês, 84±2% e 84±4% a 1 ano, e 77±3% e 72±5% a 2 anos, respetivamente (p=0,443). Estratificando de acordo com o tipo de procedimento vascular (convencional, endovascular ou híbrido), não se verificou diferença estatisticamente significativa entre os grupos nos endpoints acima mencionados.

Conclusão: De acordo com este estudo, as doentes do sexo feminino apresentam idade mais avançada e doença abaixo-do-joelho mais grave. São mais frequentemente submetidas a procedimentos endovasculares. Contudo, não parecem existir diferenças importantes nos outcomes de membro para as mulheres submetidas a procedimentos de revascularização de membro inferior.

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Referências

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Publicado

2021-09-10

Como Citar

1.
Correia R, Catarino J, Vieira I, Bento R, Garcia R, Pais F, Ribeiro T, Cardoso J, Ferreira R, Garcia A, Bastos Gonçalves F, Ferreira ME. DIFERENÇAS DE GÉNERO NA APRESENTAÇÃO DE ISQUÉMIA CRÓNICA DE MEMBRO INFERIOR E NOS RESULTADOS APÓS REVASCULARIZAÇÃO. Angiol Cir Vasc [Internet]. 10 de Setembro de 2021 [citado 7 de Junho de 2025];17(2):110-6. Disponível em: https://acvjournal.com/index.php/acv/article/view/355

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Secção

Artigo Original