PSEUDOANEURISMA DA ARTÉRIA CATÓTIDA INTERNA CAUSADO POR MIGRAÇÃO DE FRAGMENTO DE FIO-GUIA CORONÁRIO

Autores

  • Nuno Henriques Coelho Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Portugal
  • Pedro Monteiro Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Portugal
  • Rita Augusto Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Portugal
  • Evelise Pinto Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Portugal
  • Carolina Semião Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Portugal
  • João Ribeiro Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Portugal
  • João Peixoto Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Portugal
  • Luís Fernandes Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Portugal
  • Ricardo Gouveia Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Portugal
  • Victor Martins Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Portugal
  • Alexandra Canedo Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.48750/acv.319

Palavras-chave:

complicações da intervenção coronária percutânea, fratura de fio-guia, migração de fio guia, tamponamento cardíaco, pseudoaneurisma da artéria carótida interna

Resumo

Introdução: A fratura do fio-guia durante uma intervenção coronária percutânea (ICP) é uma complicação rara. Os fragmentos retidos podem provocar trombose, disseção ou perfuração do vaso ou até mesmo embolizar para outros territórios. Quando é impossível recuperar ou aprisionar o fragmento durante o procedimento inicial, a abordagem seguinte é questionável entre uma remoção cirúrgica ou uma abordagem mais conservadora. Quando a segunda opção é a escolhida, a eventualidade de ocorrência de qualquer uma das complicações acima referidas mantém-se. 

Caso Clínico: Doente de 65 anos, submetido a ICP com stenting da coronária direita (ACD) em 2017. Para tal foi utilizada uma proximal optimization technique, com colocação de fio-guia na descendente posterior (ADP). Após o stenting, o fio de proteção ficou preso e após várias tentativas de remoção acabou por fraturar. O fragmento encontrava-se ao longo do interior da ACD e aorta ascendente, com a sua porção proximal localizada a nível do tronco arterial braquiocefálico. Múltiplas tentativas de remoção endovascular foram tentadas em vão, optando-se por uma estratégia conservadora. Dois anos e meio depois, o doente sente uma precordialgia aguda, acabando por colapsar. É transferido para a nossa Instituição onde é submetido a cirurgia cardíaca urgente. Intra-operatoriamente é constatada a presença do fragmento do fio-guia a perfurar a ADP. Este mesmo fragmento, ao ser puxado na tentativa de ser recuperado, volta a fraturar. O angioTC pós-intervenção revelou uma migração cefálica do restante fragmento agora encontrando-se retido na artéria carótida comum e porção inicial da artéria carótida interna direitas, visualizando-se um falso aneurisma a nível da extremidade distal do fragmento. O doente foi submetido a cirurgia carotídea, recuperando-se o fragmento através de uma incisão transversal da artéria carótida comum. Foi realizada pseudoaneurismectomia, com reimplantação da artéria carótida interna na bifurcação carotídea através de uma anastomose topo-a-topo. O pós-operatório decorreu sem complicações. 

Conclusão: Apesar de o tratamento conservador poder ser uma opção, os fragmentos secundários a fratura de fio-guia podem associar-se não só a complicações imediatas como também a complicações associadas a risco de vida a longo prazo, tal como demonstrado neste caso. 

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Referências

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Publicado

2020-12-13

Como Citar

1.
Coelho NH, Monteiro P, Augusto R, Pinto E, Semião C, Ribeiro J, Peixoto J, Fernandes L, Gouveia R, Martins V, Canedo A. PSEUDOANEURISMA DA ARTÉRIA CATÓTIDA INTERNA CAUSADO POR MIGRAÇÃO DE FRAGMENTO DE FIO-GUIA CORONÁRIO. Angiol Cir Vasc [Internet]. 13 de Dezembro de 2020 [citado 23 de Novembro de 2024];16(3):191-4. Disponível em: https://acvjournal.com/index.php/acv/article/view/319

Edição

Secção

Caso Clínico

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