ARTERIALIZAÇÃO VENOSA PARA ALGUNS DOENTES COM ISQUEMIA CRÍTICA SEM OUTRA OPÇÃO ! UMA TENTATIVA DESESPERADA OU UM TRATAMENTO DE SUCESSO COMPROVADO?
DOI:
https://doi.org/10.48750/acv.242Palavras-chave:
arterialização venosa, isquemia crítica de membro, amputação, revascularizaçãoResumo
Introdução: Entre 14 a 20% dos doentes com isquemia crítica não são candidatos para revascularização dada a extensa doença oclusiva nas artérias crurais/pé. Frequentemente estes doentes são jovens e ativos e, nestes casos, o conceito de fazer aumentar o fluxo sanguíneo através de veias com o objetivo de obter um !uxo sanguíneo a nível da rede capilar torna-se atrativa. O nosso objetivo é apresentar a nossa muito recente experiência em arterializações venosas.
Materiais/Métodos: Revisão retrospetiva dos casos clínicos de aretrialização venosa realizados na nossa instituição entre abril 2018 – 2019.
Resultados: Foram tratados 4 doentes: 3 homens/1 mulher com idade média de 58.5 anos. Todos os doentes apresentavam doença arterial periférica grau IV. Todos os doentes foram estudados com ecodoppler e com angiogra"a e foram considerados não revascularizáveis (2 deles após uma tentativa de revascularização). Em 1 doente foi tentado um ciclo de prostagandina endovenosa, sem resposta clínica. Em todos os casos o tratamento alterativo seria a amputação major. A arterialização representou uma última tentativa para salvar o membro. Relativamente à técnica cirúrgica, a artéria dadora de inflow foi a poplítea infra-genicular em dois casos, a femoral superficial distal em 1 e a tibial anterior em 1 caso. Em 3 casos foi utiizada veia grande safena (VGS) in situ para arterializar a veia mediana marginal; em 1 caso foi usada a VGS invertida como conduto de bypass com a anastomose distal a veia tibial posterior. A destruição valvular foi feita com recurso a catéter Fogarty (proximalmente) e a balão de angioplastia (distalmente). As colaterais foram laqueadas de modo a direccionar o fluxo sanguíneo. Em todos os doentes foi percetível uma melhoria na perfusão do pé no pós-operatório. Dois deles tiveram boa evolução e cicatrizaram as lesões do pé. Um doente foi submetido a amputação major (transtibioperoneal) com bypass permeável. Um doente apresentou boa evolução inicial, mas teve trombose do bypass (presumivelmente devido a inadequado inflow da artéria tibial anterior) e foi submetido a amputação major (transtibioperoneal).
Discussão/Conclusões: Apesar dos avanços nas técnicas de revascularização (cirúrgicas e endovascualres), um número importante de doentes com isquemia crítica não são candidatos para revascularização e a maioria deles irá enfrentar uma amputação major. A arterialização venosa deve ser considerada, mas nem todos os doentes são candidatos a este tratamento e uma cuidada avaliação pré-operatória é fundamental. A nossa muito recente experiência é encorajadora: o procedimento é relativamente simples, os resultados em termos de melhoria da perfusão do pé são surpreendentemente bons, a permeabilidade e salvamento do membro são respetivamente 75 e 50%. Na nossa opinião, as principais di"culdades são a seleção da artéria de in!ow e da veia de out!ow e a curva de aprendizagem na interpretação do resultado angiográfico para a ótima focalização do !uxo sanguíneo.
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