ARTERIALIZAÇÃO VENOSA PARA ALGUNS DOENTES COM ISQUEMIA CRÍTICA SEM OUTRA OPÇÃO ! UMA TENTATIVA DESESPERADA OU UM TRATAMENTO DE SUCESSO COMPROVADO?

Autores

  • Inês Antunes Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal
  • Carlos Pereira Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal
  • Luís Loureiro Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal
  • Gabriela Teixeira Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal
  • Carlos Veiga Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal
  • Daniel Mendes Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal
  • Carlos Veterano Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal
  • Henrique Rocha Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal
  • João Castro Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal
  • Rui Almeida Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.48750/acv.242

Palavras-chave:

arterialização venosa, isquemia crítica de membro, amputação, revascularização

Resumo

Introdução: Entre 14 a 20% dos doentes com isquemia crítica não são candidatos para revascularização dada a extensa doença oclusiva nas artérias crurais/pé. Frequentemente estes doentes são jovens e ativos e, nestes casos, o conceito de fazer aumentar o fluxo sanguíneo através de veias com o objetivo de obter um !uxo sanguíneo a nível da rede capilar torna-se atrativa. O nosso objetivo é apresentar a nossa muito recente experiência em arterializações venosas.

Materiais/Métodos: Revisão retrospetiva dos casos clínicos de aretrialização venosa realizados na nossa instituição entre abril 2018 – 2019.

Resultados: Foram tratados 4 doentes: 3 homens/1 mulher com idade média de 58.5 anos. Todos os doentes apresentavam doença arterial periférica grau IV. Todos os doentes foram estudados com ecodoppler e com angiogra"a e foram considerados não revascularizáveis (2 deles após uma tentativa de revascularização). Em 1 doente foi tentado um ciclo de prostagandina endovenosa, sem resposta clínica. Em todos os casos o tratamento alterativo seria a amputação major. A arterialização representou uma última tentativa para salvar o membro. Relativamente à técnica cirúrgica, a artéria dadora de inflow foi a poplítea infra-genicular em dois casos, a femoral superficial distal em 1 e a tibial anterior em 1 caso. Em 3 casos foi utiizada veia grande safena (VGS) in situ para arterializar a veia mediana marginal; em 1 caso foi usada a VGS invertida como conduto de bypass com a anastomose distal a veia tibial posterior. A destruição valvular foi feita com recurso a catéter Fogarty (proximalmente) e a balão de angioplastia (distalmente). As colaterais foram laqueadas de modo a direccionar o fluxo sanguíneo. Em todos os doentes foi percetível uma melhoria na perfusão do pé no pós-operatório. Dois deles tiveram boa evolução e cicatrizaram as lesões do pé. Um doente foi submetido a amputação major (transtibioperoneal) com bypass permeável. Um doente apresentou boa evolução inicial, mas teve trombose do bypass (presumivelmente devido a inadequado inflow da artéria tibial anterior) e foi submetido a amputação major (transtibioperoneal).

Discussão/Conclusões: Apesar dos avanços nas técnicas de revascularização (cirúrgicas e endovascualres), um número importante de doentes com isquemia crítica não são candidatos para revascularização e a maioria deles irá enfrentar uma amputação major. A arterialização venosa deve ser considerada, mas nem todos os doentes são candidatos a este tratamento e uma cuidada avaliação pré-operatória é fundamental. A nossa muito recente experiência é encorajadora: o procedimento é relativamente simples, os resultados em termos de melhoria da perfusão do pé são surpreendentemente bons, a permeabilidade e salvamento do membro são respetivamente 75 e 50%. Na nossa opinião, as principais di"culdades são a seleção da artéria de in!ow e da veia de out!ow e a curva de aprendizagem na interpretação do resultado angiográfico para a ótima focalização do !uxo sanguíneo.

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Publicado

2020-02-05

Como Citar

1.
Antunes I, Pereira C, Loureiro L, Teixeira G, Veiga C, Mendes D, Veterano C, Rocha H, Castro J, Almeida R. ARTERIALIZAÇÃO VENOSA PARA ALGUNS DOENTES COM ISQUEMIA CRÍTICA SEM OUTRA OPÇÃO ! UMA TENTATIVA DESESPERADA OU UM TRATAMENTO DE SUCESSO COMPROVADO?. Angiol Cir Vasc [Internet]. 5 de Fevereiro de 2020 [citado 23 de Novembro de 2024];15(4):232-7. Disponível em: https://acvjournal.com/index.php/acv/article/view/242

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