ACESSO TRANSAPICAL- UM ACESSO COMPLEMENTAR PARA TEVAR NA DISSECÇÃO AORTICA TIPO A DE STANFORD
DOI:
https://doi.org/10.48750/acv.189Palavras-chave:
Acesso transapical, dissecção aórtica tipo A, tratamento endovascularResumo
Introdução/Objetivos: A dissecção aórtica tipo A (AD) geralmente requer tratamento cirúrgico urgente e a substituição do segmento aórtico continua o gold standard. No entanto, é um procedimento muito agressivo e alguns doentes são excluídos do tratamento pelas suas comorbilidades. Atualmente, o tratamento endovascular representa uma alternativa, ainda sem indicações precisas. O nosso objetivo é apresentar um caso de tratamento híbrido de uma AD tipo A com recurso a um acesso vascular cardíaco transapical.
Material/Métodos: revisão de um caso clínico e literatura.
Resultados: Homem de 65 anos com antecedentes de doença pulmonar obstrutiva crónica, fibrilação auricular e hipertensão arterial; recorreu ao serviço de urgência por dor abdominal. Realizou angio-TAC que revelou uma AD tipo A e uma úlcera (PAU) na aorta ascendente (AA). Após a avaliação por cirurgia cardíaca, foi considerado não candidato para cirurgia convencional. A angio-TAC foi repetida após duas semanas de tratamento médico e revelou crescimento do falso aneurisma, com risco iminente de rutura. Ponderamos o tratamento endovascular e diferentes opções foram consideradas, a decisão final foi propor um tratamento híbrido. O procedimento foi iniciado com um bypass femoro-axilar direito e embolização do tronco braquiocefálico. Em seguida, uma endoprótese (Valiant®) foi libertada abaixo da artéria subclávia esquerda e dois periscópios (Viabahn®) foram progredidos das artérias axilar e carótida esquerdas e a segunda endoprótese (Valiant®) foi libertada, dentro da primeira, com cobertura da carótida e subclávia esquerdas. Após várias tentativas, não foi possível progredir a terceira endoprótese para a Aorta Ascendente por falta de suporte e instabilidade hemodinâmica e o procedimento foi interrompido. Posteriormente, a angio-TAC foi repetida e revelou dissecção da AA permeável e o falso aneurisma não tratado. Foram discutidas outras opções e foi ponderado um acesso vascular anterógrado (transapical) com o objetivo de conseguir o suporte para progredir a endoprótese. Com o apoio de um cirurgião cardíaco, o ápice cardíaco foi abordado e puncionado e um fio guia rígido foi avançado, criando um throught-and-through, do apéx cardíaco até à artéria femoral, o que permitiu o avanço da endoprótese (Valiant®) por via retrógrada e a sua libertação em rapid pacing sem intercorrências e com bom resultado final.
Discussão/Conclusões: o tratamento endovascular AD tipo A é uma alternativa em doentes de alto risco clínico e características anatómicas adequadas, ainda que tecnicamente possa ser desafiante. Quando a progressão da endoprótese por acesso vascular retrógrado não é conseguida, a abordagem cardíaca transapical é uma alternativa a ser considerada.
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