TRATAMENTO ENDOVASCULAR DE SÍNDROME DE CAROTID BLOWOUT AGUDO APÓS OSTEORADIONECROSE DA MANDÍBULA — A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
DOI:
https://doi.org/10.48750/acv.146Palavras-chave:
Sindrome de Carotid Blowout, Tratamento endovascular, Lesão da artéria carótidaResumo
Objetivo: A síndrome de blowout carotídeo é uma complicação rara mas potencialmente catastrófica, da neoplasia de cabeça e pescoço, e está associada a uma mortalidade e morbidade neurológica reportadas de 40% e 60%, respetivamente. Pretende-se apresentar a nossa experiência com um caso de blowout carotídeo com hemorragia maciça com origem na artéria carótida interna (ACI) num doente com história prévia de radioterapia cervical e osteorradionecrose da mandíbula, tratado por via endovascular com colocação de um stent recoberto mantendo, assim, a permeabilidade carotídea.
Métodos: Realizou-se revisão dos dados clínicos relevantes bem como revisão da literatura existente.
Resultados: Trata-se de um doente do sexo masculino de 61 anos, com história prévia de neoplasia da cabeça e pescoço, submetido a cirurgia radical e quimio e radioterapia. Sete anos depois, o paciente foi diagnosticado com osteorradionecrose da mandíbula e submetido a cirurgia reconstrutiva. A estadia hospitalar pós-operatória foi prolongada por infeção local e deiscência da ferida cirúrgica com exposição carotídea. Não houve registo de episódios prévios de hemorragia sentinela, no entanto o doente apresentou inicio súbito de hemorragia major com origem na ferida cirúrgica. Sob compressão manual, o doente foi admitido na suite angiográfica tendo-se constatado hemorragia ativa da ACI. Posteriormente implantou-se um stent recoberto Atrium Advanta V12 (Maquet Getinge, Hudson, NH, EUA) mantendo-se a permeabilidade da ACI. Numa segunda fase, após estabilização do doente em unidade de cuidados intensivos, o doente foi submetido a reconstrução cirúrgica, sem intercorrências.
Discussão: O tratamento da síndrome de blowout carotídeo agudo é emergente, exigindo muitas vezes uma abordagem multidisciplinar. A colocação de um stent recoberto é uma abordagem exequível e eficaz em contexto agudo, com menores taxas de morbimortalidade associadas, quando comparado ao tratamento/laqueação cirúrgica ou embolização endovascular. No entanto, desconhece-se os resultados a longo prazo, em particular taxas de permeabilidade.
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