AUTOTRANSPLANTE RENAL BILATERAL COMO SOLUÇÃO PARA ANEURISMAS MÚLTIPLOS DOS RAMOS DAS ARTÉRIAS RENAIS: RELATO DE CASO
DOI:
https://doi.org/10.48750/acv.421Palavras-chave:
Reparo ex vivo da artéria renal, hipertensão, aneurisma da artéria renal, transplante de rim, autotransplante renalResumo
Introdução: Os aneurismas da artéria renal são entidades clínicas raras cujos critérios de tratamento não se encontram totalmente estabelecidos.
O tratamento endovascular tem ganho aceitação no caso dos aneurismas do tronco da artéria renal. No entanto, no caso dos aneurismas dos ramos das artérias renais tais procedimentos não são possíveis devido à elevada morbilidade, pelo que não existe consenso quanto ao melhor tratamento. Apresentamos um caso clínico de uma doente com aneurismas múltiplos dos ramos das artérias renais, bilateralmente, tratados com reconstrução ex-vivo e autotransplante renal.
Apresentação do caso: Doente do sexo feminino de 35 anos diagnosticada com aneurismas das artérias renais bilateralmente durante a investigação de hipertensão arterial secundária. A doente foi submetida a tratamento cirúrgico sequencial com reconstrução ex-vivo e autotransplante renal tendo sido inicialmente tratado o rim direito. O procedimento cirúrgico iniciou-se pela nefrectomia laparoscópica transperitoneal. Procedeu-se à correção ex-vivo dos aneurismas “em banca” com aneurismectomia e aneurismorrafia. O enxerto foi implantado na fossa ilíaca direita com anastomoses às artéria e veia ilíacas externas sem intercorrências.
Três meses depois, foi realizado um procedimento idêntico à esquerda. À inspeção “em banca” observou-se um volumoso aneurisma na bifurcação da artéria renal e outro aneurisma de pequenas dimensões num dos ramos, ambos corrigidos com aneurismectomia e aneurismorrafia. O controlo angiográfico ex-vivo assegurou a preservação da patência das artérias do enxerto sem evidência de aneurismas. O rim foi implantado nos vasos ilíacos externos esquerdos sem intercorrências.
Foi realizado estudo com cintigrafia renal que confirmou a adequada função de ambos os rins. Aos nove meses de seguimento a doente apresenta-se assintomática com valores de creatinina sérica e taxa de filtração glomerular dentro dos valores normais.
Conclusão: O autotransplante renal com reparação arterial ex-vivo parece ser uma boa solução no tratamento de patologia aneurismática da artéria renal, nomeadamente, nos casos complexos com múltiplos aneurismas.
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