TÉCNICA DE DOUBLE KISSING (DK) CRUSH PARA O TRATAMENTO DE DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA COMPLEXA
DOI:
https://doi.org/10.48750/acv.345Palavras-chave:
Isquémia crítica, Angioplastia, Stenting, Infra-popliteo, BifurcaçõesResumo
Introdução: O tratamento de lesões arteriais complexas com oclusões longas e envolvimento da bifurcação das artérias tibiais permanece um desafio técnico na área endovascular que muitas vezes culmina com a escolha de uma alternativa cirúrgica convencional. Dadas as semelhanças de calibre arterial e de material necessário, a adaptação de técnicas utilizadas nas lesões de bifurcações na circulação coronária para o território infra-popliteo tem permitido mudar o paradigma de tratamento.
Material e métodos: Neste trabalho é apresentado um caso clínico de um doente com doença arterial periférica complexa tratada com a técnica de double kissing (DK) crush.
Caso clínico: Doente de 74 anos, do sexo masculino, hipertenso e fumador, já previamente submetido a exclusão endovascular de aneurisma da aorta abdominal infra-renal e a safenectomia bilateral da veia grande safena, com diagnóstico de isquémia crónica ameaçadora de membro à esquerda – Rutherford 4. A AngioTC revelou uma oclusão femoro-poplitea longa (30cm) com reabitação ao nível do tronco tibioperoneal (TTP). Apesar da extensão e localização da lesão, os antecedentes cirúrgicos do doente, a ausência de veia grande safena eas múltiplas abordagens cirúrgicas femorais prévias fizeram com que o doente fosse inicialmente proposto para tratamento endovascular utilizando a técnica de DK crush. Através de um acesso percutâneo da femoral superficial ipsilateral a lesão foi recanalizada e foi colocado um fio-guia nas artérias peroneal e tibial posterior. A bifurcação do TTP foi pré-dilatada em kissing (1o kissing balloon) e foi colocado um stent expansível por balão (Xience Sierra® 3×18mm) na tibial posterior (TP). Posteriormente foi colocado um segundo stent expansível por balão (Xience Sierra® 3.5×18mm) na artéria peroneal com consequente crush da porção proximal do 1o stent. O fio-guia da TP foi removido e reintroduzido através das malhas dos stents e depois realizado o segundo kissing balloon da bifurcação com excelente resultado angiográfico. Por último, foi reali- zada a angioplastia femoro-poplitea com colocação de stents auto-expansíveis (Zilver PTX®) em gradação crescente. Aos 9 meses de follow-up o doente apresenta-se sem queixas e com permeabilidade mantida de todo o eixo arterial, nomeadamente as artérias peroneal e TP, evidente em ecodoppler de controlo.
Conclusão: No caso apresentado, a adaptação da técnica de DK crush ao território tibio-peroneal permitiu a revas- cularização eficaz de uma lesão arterial complexa, com bom resultado a médio-prazo.
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