PUNÇÃO RETRÓGRADA: UMA TÉCNICA ENDOVASCULAR ALTERNATIVA DEDICADA À ISQUEMIA CRÍTICA
DOI:
https://doi.org/10.48750/acv.239Palavras-chave:
Pé Diabético, Revascularização endovascular, Stent, Angioplastia, Salvamento de membro, AmputaçãoResumo
Introdução: A revascularização endovascular tem revolucionado a revascularização dos doentes com isquemia crónica ameaçadora de membro, demonstrando consistentemente maiores taxas de salvamento de membro. Contudo, a taxa de insucesso na repermeabilização endovascular anterógrada em oclusões infra-poplíteas ronda os 20%. Deste modo, as técnicas de abordagem retrógrada surgem como alternativa crescente na tentativa de revascularização eficaz do membro com o intuito de salvar o mesmo. Neste contexto, os autores propõem-se apresentar a série do respetivo serviço relativa a esta técnica, salientando, entre outros aspetos, a sua eficácia e segurança.
Material e métodos: Estudo retrospetivo dos doentes com isquemia crónica ameaçadora de membro submetidos a punção retrógrada para repermeabilização de eixos arteriais (2013–2018) – 51 membros em 50 doentes, O objetivo primário é avaliar o sucesso técnico e a taxa de sobrevida livre de amputação-major. Como objetivos secundários os autores pretendem descrever as taxas de amputação major e amputação minor, a sobrevida global e os tratamentos endovasculares efetuados.
Resultados e conclusão: O sucesso técnico foi alcançado em 76,5% dos procedimentos. A sobrevida livre de amputação major aos 6 meses foi de 81,4% . O setor femoro-poplíteo e distal foi tratado concomitantemente em 63,3% dos casos e somente o sector distal em 32,7%. A punção femoral foi sempre efetuada inicialmente (anterógrada em 90,2% dos casos). A revascularização angiossómica foi obtida em 64,6% dos casos. A artéria tibial anterior foi a artéria maioritariamente puncionada (33,3%), seguida pela artéria pediosa (27,5%), artéria peroneal (19,6%), artéria plantar comum (7,8%), artéria tibial posterior (3,9%), artéria popliteal supra-articular (3,9%), artéria plantar lateral (2%) e artéria metatársica (2%). Angioplastia transluminal percutânea (ATP) foi efetuada em 69,4% dos casos (2% com Drug Elluting Balloons) e ATP com stenting em 28,6%. Durante o follow-up, 19,4% dos doentes foram submetidos a amputação major e 29,4% a amputação minor. A taxa de cicatrização aos 6 meses foi de 43,3%. Os resultados da abordagem endovascular por punção retrógrada com recanalização de oclusões crónicas assumem uma tendência semelhante aos dados reportados na literatura, assumindo-se esta técnica como uma alternativa eficaz e segura quando a via anterógrada não é tecnicamente exequível, aumentando o sucesso na revascularização de doentes com isquemia crítica possibilitando, assim, a preservação de um maior número de membros.
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