COLITE ISQUÉMICA COMO MARCADOR PRECOCE DE ISQUEMIA MESENTÉRICA AGUDA

Autores

  • Andreia Pires Coelho Angiology and Vascular Surgery Department; Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho; Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
  • Miguel Lobo Angiology and Vascular Surgery Department; Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho
  • Jaime Rodrigues Angiology and Vascular Surgery Department; Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho
  • Ricardo Gouveia Angiology and Vascular Surgery Department; Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho
  • Jacinta Campos Angiology and Vascular Surgery Department; Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho; Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
  • Rita Augusto Angiology and Vascular Surgery Department; Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho; Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
  • Nuno Coelho Angiology and Vascular Surgery Department; Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho; Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
  • Ana Carolina Semião Angiology and Vascular Surgery Department; Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho
  • Alexandra Canedo Angiology and Vascular Surgery Department; Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho; Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

DOI:

https://doi.org/10.48750/acv.134

Palavras-chave:

Isquemia mesentérica aguda, Colite isquémica, Diagnóstico precoce

Resumo

Introdução: A Isquemia Mesentérica Aguda (IMA) e Colite Isquémica (CI) são duas entidades clínicas indissociáveis que podem aparecer no mesmo doente, simultaneamente ou em períodos temporais distintos. No entanto, a maioria dos doentes com CI não apresentam causa vascular obstrutiva major identificável, por oposição à IMA. Segundo o American College of Gastroenterology (ACG), a exclusão de IMA por angio-tomografia computorizada deve ser realizada em todos os doentes com critérios de CI severa. Este estudo teve como objetivos determinar se existe uma associação entre a gravidade da CI e a presença de IMA e identificar preditores de IMA na CI severa.

Métodos: Foram selecionados todos os doentes admitidos com o diagnóstico de CI, no período de 2010 a 2014.

Resultados: Durante o período estudado foram selecionados 241 doentes, 213 com CI isolada e 28 com CI+IMA. A gravidade da CI foi estratificada de acordo com os critérios do ACG, não se identificando casos de IMA concomitante na CI ligeira, enquanto 1,5% dos doentes com CI moderada e 56,8% dos doentes com CI severa apresentaram IMA concomitante. O grupo CI severa foi comparado com o grupo IMA+CI severa. A presença de hematoquézias foi mais frequente no grupo CI isolada (p<0,001), enquanto obstipação foi mais comum no grupo IMA+CI (p=0,021). À admissão, o valor de hemoglobina e de lactatos foram mais elevados no grupo IMA+CI (13,8±1,9 Vs 11,4±2,2; p<0,001 e 7,6±4,6 Vs 2,4±1,3; p=0,001, respetivamente). Fibrilação auricular, doença coronária e CI do colon direito foram mais prevalentes no grupo IMA+CI (p<0,05). Outros achados clínicos foram avaliados, sem diferenças significativas entre os grupos.

Conclusões: A identificação de associação entre CI e IMA incentiva a investigação de uma causa vascular oclusiva major na CI severa. Os nossos resultados, baseados na análise de 241 doentes, vêm suportar a recomendação do ACG para a realização de Angio-tomografia computorizada em todos os doentes com CI severa. Elevação de lactatos, CI isolada ao colon direito, fibrilação auricular e doença coronária são fatores preditores de IMA em doentes com CI severa neste estudo.

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Publicado

2018-12-21

Como Citar

1.
Coelho AP, Lobo M, Rodrigues J, Gouveia R, Campos J, Augusto R, Coelho N, Semião AC, Canedo A. COLITE ISQUÉMICA COMO MARCADOR PRECOCE DE ISQUEMIA MESENTÉRICA AGUDA. Angiol Cir Vasc [Internet]. 21 de Dezembro de 2018 [citado 24 de Novembro de 2024];14(3):186-94. Disponível em: https://acvjournal.com/index.php/acv/article/view/134

Edição

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Artigo Original