MORTALIDADE A CURTO E LONGO PRAZO APÓS AMPUTAÇÃO MAJOR DO MEMBRO INFERIOR NUMA POPULAÇÃO OCTAGENÁRIA

Autores

  • Juliana Varino Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
  • Carolina Mendes Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
  • André Marinho Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
  • Roger Rodrigues Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
  • Bárbara Pereira Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
  • Mário Moreira Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
  • Mafalda Correia Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
  • Luís Antunes Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
  • Anabela Gonçalves Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
  • Óscar Gonçalves Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
  • Albuquerque Matos Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
  • Margarida Marques Departamento de Tecnologia e Sistemas de Informação, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra ; Laboratório de Bioestatística e Informática Médica, Faculdade de Medicina, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

DOI:

https://doi.org/10.48750/acv.113

Palavras-chave:

Amputação, mortalidade, pé diabético, doença arterial periférica

Resumo

Introdução: A mortalidade após amputação major do membro inferior é elevada estando a idade associada a pior prognóstico. O objetivo deste estudo retrospectivo foi determinar a taxa de mortalidade após uma primeira amputação major do membro inferior numa coorte de doentes com mais de 80 anos de idade.

Métodos: Foi realizada uma análise dos fatores que afetam os outcomes precoces e tardios após a amputação major realizada no âmbito de doença arterial periférica ou complicações diabéticas no nosso centro de referência vascular terciário entre 2008 e 2015, em doentes com mais de 80 anos de idade.

Resultados: 557 doentes foram submetidos a amputação major (54% do sexo feminino), com idade média 86.3 ± 4.4 anos, com 20% de incidência de amputações bilaterais durante o período do estudo. O follow-up médio foi de 4.8 [0.8; 16.4] meses. As taxas de mortalidade aos 30 dias e 2 anos foram de 27% e 77% respectivamente. A taxa de mortalidade ajustada à idade 1 ano após a amputação trans-femoral (ATF) foi de 68%, quase o dobro da amputação trans-tibial (ATT) (36%, p =.04). A taxa de re-intervenção foi substancialmente maior após ATT (36% vs 17%, p <.01). Análises de regressão Cox e de sobrevivência demonstraram que a mortalidade a longo prazo se associou com a readmissão hospitalar (HR: 2.00, p <.05) doenças cerebrovascular e renal crónica (HR: 1.22 e 1.24, respetivamente, p <.05), amputação por isquémia aguda (HR 1.21 p <.05). Os amputados com revascularização prévia e as ATT sobreviveram mais tempo (HR 0.65 e 0.51, respetivamente, p <.01).

Conclusões: Este estudo acrescenta informação prognóstica para uma população bem definida de doentes com uma primeira amputação major transtibial ou proximal, devido a uma causa vascular ou relacionada com infecção. As taxas de mortalidade após amputação dos membros inferiores são notoriamente elevadas, com apenas 23% dos doentes a sobreviverem mais de dois anos.

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Publicado

2017-11-12

Como Citar

1.
Varino J, Mendes C, Marinho A, Rodrigues R, Pereira B, Moreira M, Correia M, Antunes L, Gonçalves A, Gonçalves Óscar, Matos A, Marques M. MORTALIDADE A CURTO E LONGO PRAZO APÓS AMPUTAÇÃO MAJOR DO MEMBRO INFERIOR NUMA POPULAÇÃO OCTAGENÁRIA. Angiol Cir Vasc [Internet]. 12 de Novembro de 2017 [citado 23 de Novembro de 2024];13(2):15-2. Disponível em: https://acvjournal.com/index.php/acv/article/view/113

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