ACESSOS VASCULARES NOS OCTAGENÁRIOS

Autores

  • Marta Reia General Surgery Department, Hospital Doutor José Maria Grande, Portalegre
  • Ana Afonso Vascular Surgery Department, Hospital Garcia de Orta, Almada
  • António Gonzalez Vascular Surgery Department, Hospital Garcia de Orta, Almada
  • Ana Gonçalves Vascular Surgery Department, Hospital Garcia de Orta, Almada
  • Maria José Ferreira Vascular Surgery Department, Hospital Garcia de Orta, Almada

DOI:

https://doi.org/10.48750/acv.48

Palavras-chave:

Fistulas arterio-venosas, octagenários, acesso autólogo

Resumo

Introdução: Os acessos vasculares utilizados na hemodiálise em doentes com doença renal crónica terminal englobam as fístulas arterio-venosas (FAV) (proximais e distais), enxertos e os catéteres venosos centrais. Questiona-se se há vantagem e ou indicação para a obtenção de acesso vascular definitivo em doentes com idades mais avançadas, particularmente acima dos 80 anos. O objectivo do trabalho centra-se em demonstrar a exequibilidade e as vantagens dos acessos autólogos em doentes octagenários. 

Material e Método: Análise retrospectiva de processos electrónicos dos doentes submetidos a realização de acesso vascular (FAV proximais, distais e enxertos), com idades > 79 anos. O período de tempo avaliado foi 01/01/2010 a 31/12/2015. 

Resultados: A casuística dos 6 anos engloba 21 doentes. Da amostra, 52% são do sexo masculino e 48% do sexo feminino. A distribuição etária revela 10 doentes (82-84), 5 doentes (79-81), 5 doentes (85-88) e 1 doente (89-90) anos. Analisa-se a presença de factores de risco (FR) cardiovasculares (diabetes mellitus, dislipidémia e tabagismo), dos quais 35%: 2 FR, 24%: 3 FR, 23%: 1 FR e 12% nenhum dos considerados. Da amostra total, 67% apresentam diabetes mellitus, (57% não insulino-tratada e 43% insulino-tratada). Avalia-se o grau funcional da amostra utilizando a escala Katz, revelando 3 doentes com score 0, 9 doentes com score 1, 5 doentes com grau 2, 2 doentes com score 3 e 2 doentes com score 4. Relativamente à localização dos acessos, 40% FAVs distais, 35% FAVs proximais e 25% enxertos. Todos os doentes foram previamente estudados com ecodoppler para definição anatómica. Do total de cirurgias, 19% dos doentes (4 no total) necessitaram de um novo acesso mais proximal. Destacam-se como complicações 1 hematoma e 2 infecções da ferida operatória. 

Conclusão: Este estudo demonstrou ser possivel realizar acesso vascular definitivo (fistula ou enxerto) em doentes octagenarios que iniciam dialise, sendo o status funcional um fator condicionante mais importante que propriamente a idade cronologica. Recomenda-se uma abordagem individualizada, com recurso mais liberal a acessos mais proximais ou mesmo protésicos, dada a menor esperança de vida dos doentes. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

1. Hemodialysis acess. (2015). National Kidney Foundation. Retirado em Maio 2016, de https://www.kidney.org/atoz/content/hemoaccess

2. Rosenberg M. (2016, 24 de Fevereiro) Overview of the management of chronic kidney disease in adults. Retirado em Maio de 2016, de http://www.uptodate.com/contents/overview-of-the-
-management=-of-chronic-kidney-disease-inadults?sourcesearch_result&search=end+stage+renal+disease&selectedTitle=1%7E150

3. Lazarides, M; Georgiadis, G; Antoniou, G. et al.“A meta-analysis of dialysis access outcome in elderly patients”, Journal or Vascular Surgery, Vol 45, no 2; 420-426.

4. Tordoir JHM, Van Der Sande FM, De Haan MW. Current topics on vascular access for hemodialysis. Minerva Urol Nefrol 2004;56:23-35.

5. Rodriguez J, Lopez J, Cléries M, Vela E, and renal registry committee. Vascular access for hemodialysis. An epidemiologic study of the Catalan renal registry. Nephrol Dial Transplant 1999;14:1651-7.

6. Berardinelli L, Vegeto A. Lessons from 494 permanent accesses in 348 hemodialysis patients older than 65 years of age: 29 years of experience. Nephrology, Dialysis, Transplantation. 1998. 13; 7:73-7.

7. Lok CE, Oliver MJ, Su J, et al. Arteriovenous fistula outcomes in the era of the elderly dialysis population. Kidney Int. 2005; 67(6):2462–69.

8. Ridao-Cano N, Polo JR, Polo J, et al. Vascular access for dialysis in the elderly. Blood Purif 2002;20:563-8.

9. Staramos DN, Lazarides MK, Tzilalis VD,et al. Patency of autologous and prosthetic arteriovenous fistulas in elderly patients. Eur J Surg 2000;166:777-81.

10. Wolowczyk L, Williams AJ, Donovan KL, et al. The snuffbox arteriovenous fistula for vascular access. Eur J Vasc Endovasc Surg 2000;19:70-6.

11. Lazarides MK, Iatrou CE, Karanikas ID, et al. Factors affecting the lifespan of autologous and synthetic arteriovenous access routes for haemodialysis. Eur J Surg 1996;162:297-301.

12. Gomez Campdera FJ, Polo JR, Sanabia J, Tejedor A. First-choice vascular access in patients over 65 years of age starting dialysis. Nephron 1996;73:342-3.

13. Leapman SB, Boyle M, Pescovitz MD, et al. The arteriovenous fistula for hemodialysis access: gold standard or archaic relic? Am Surg 1996;62:652-7.

14. Schwenger V, Morath C, Hofmann A, et al. Late referral - a major cause of poor outcome in the very elderly dialysis patient. Nephrol Dial Transplant 2006;21:962-7.

15. Moist, L; Lok, Charmaine; Vachharajani, T. et al. “Optimal Vascular Access in the Elderly Patient”, Semin Dial. 2012; 25(6): 640-8.

16. Selcuk Baktiroglu, “Vascular access in the elderly: A venous access is always better”, Vascular News, Charing Cross Special Edition, March 2016, 32

17. Ethier J, Mendelssohn DC, Elder SJ, et al. Vascular access use and outcomes: an international perspective from the Dialysis Outcomes and Practice Patterns Study. Nephrol Dial Transplant. 2008; 23(10):3219–26.

18. Pisoni RL, Arrington CJ, Albert JM, et al. Facility hemodialysis vascular access use and mortality in countries participating in DOPPS: an instrumental variable analysis. Am J Kidney Dis. 2009; 53(3):475–91.

19. Lok CE, Allon M, Moist L, et al. Risk equation determining unsuccessful cannulation events and failure to maturation in arteriovenous fistulas (REDUCE FTM I). J Am Soc Nephrol. 2006; 17(11):3204–12.

20. Golledge J, Smith CJ, Emery J. et al. Outcome of primary radiocephalic fistula for haemodialysis. Br J Surg. 1999; 86(2):211–16.

21. Burt CG, Little JA, Mosquera DA. The effect of age on radiocephalic fistula patency. J Vasc Access. 2001; 2(3):110–13

22. Johnson CP. Peroperative and intraoperative predictors of vascular access outcome. Vascular Access for Hemodialysis. 2002; VIII:143–156.

23. Kawecka A, Debska-Slizien A, Prajs J, et al. Remarks on surgical strategy in creating vascular access for hemodialysis: 18 years of one center’s experience. Ann Vasc Surg. 2005; 19(4):590–98.

24. Swindlehurst N, Swindlehurst A, Lumgair H, et al. Vascular access for hemodialysis in the elderly. J Vasc Surg. 2011; 53(4):1039–43

25. Zamani P, Kaufman J, Kinlay S. Ischemic steal syndrome following arm arteriovenous fistula for hemodialysis. Vasc Med. 2009; 14(4):371–6

26. Moist LM, Trpeski L, Na Y, Lok CE. Increased hemodialysis catheter use in Canada and associated mortality risk: data from the Canadian Organ Replacement Registry 2001–2004. Clin J Am Soc Nephrol. 2008; 3(6):1726–32.

27. Polkinghorne KR, McDonald SP, Atkins RC, et al. Vascular access and all-cause mortality: a propensity score analysis. J Am Soc Nephrol. 2004; 15(2):477–86

28. Astor BC, Eustace JA, Powe NR, et al. Type of vascular access and survival among incident hemodialysis patients: the Choices for Healthy Outcomes in Caring for ESRD (CHOICE) Study. J Am Soc Nephrol. 2005; 16(5):1449–55.

29. Ocak G, Halbesma N, le CS, Hoogeveen EK, et al. Haemodialysis catheters increase mortality as compared to arteriovenous accesses especially in elderly patients. Nephrol Dial Transplant. 2011; 26(8):2611–17.

30. Rooijens PPG, Tordoir JHM, Stijnen T. et al. Radiocephalic wrist arteriovenous fistula for hemodialysis: Meta-analysis indicates a high primary failure rate. Eur J Vasc Endovasc Surg 2004;28:583-9.

Downloads

Publicado

2017-05-14

Como Citar

1.
Reia M, Afonso A, Gonzalez A, Gonçalves A, Ferreira MJ. ACESSOS VASCULARES NOS OCTAGENÁRIOS. Angiol Cir Vasc [Internet]. 14 de maio de 2017 [citado 14 de novembro de 2025];13(1):24-9. Disponível em: https://acvjournal.com/index.php/acv/article/view/48

Edição

Secção

Artigo Original

Artigos Similares

1 2 3 > >> 

Também poderá iniciar uma pesquisa avançada de similaridade para este artigo.